Acordamos de madrugada naquela quinta feira dia 26. O Tapa, pra variar, feliz pra cacete, afinal começava um novo dia!! Uhuuu.

O fedorento acorda muuuuuito feliz todos os dias, com a coleira na boca, mendiga seu passeio para poder liberar seu mijo matinal.

4:30 da matina, levo o fedido pelas ruelas de Cartagena e ele, para variar cheio de energia, puxando forte, quase incontrolável.

Naquela noite sonhei que o Tapa tinha se soltado da jaula no avião e comido todas as malas. Uma encrenca totalmente possível, afinal ele já mastigou todas as minhas malas em viagens anteriores.

-Aí Ana, o Tapa tá impossível pra variar. Não vão deixar ele entrar no avião... ele vai latir pra cacete.

-Vamos dar as gotinhas que a veterinária mandou e veremos no que vai dar.

Chegamos ao aeroporto e o Tapa ligadão, querendo correr no estacionamento. Levei ele para soltar um barro, porque o xixi, ele já tinha feito.

10 minutos depois ele solta sua mega bosta na entrada do embarque internacional. Uma bomba de 3 kg. Teve gente que tirou foto da monstruosidade.

-Ana, tá na hora de dar as gotinhas sossega-leão no Tapa. Espero de dê certo.

-São 108 gotas, segundo a veterinária.

-Porra, 108?  Vou dar mandar um jato desse bagulho goela a baixo.

-Gustavo... vê lá.

-Ela falou que não tinha problema de dar em excesso. Não tem risco.

Abri a goela do Tapa e mandei um jato generoso. A porradaria rolou solta, mas ele engoliu o negócio.

20 minutos depois o Tapa estava alucinado, andando de lado... doidaraço.

-Fudeu Ana! O cachorro tá muito doido!

-Estou preocupada agora... tadinho.

-Porra, chegar da Colômbia nos Estados Unidos com o cachorro alucinado. Vai dar merda...

E o capeta virou santo naquela manhã de quinta feira. Como um anjo, ele deitou na sua jaulinha sem latir, sem tentar sair na marra, sem nenhum escândalo tradicional ele aguardou pacientemente ser levado para o avião.

Na hora de entrarmos no portão de embarque o cara do controle mandou voltarmos para o check in.

-IIII Gustavo, aconteceu alguma coisa!

-Tomara que não seja o Tapa.

Chegando lá, nossa mala tinha ido para o avião sem receber a dura da Anti Narcóticos. Culpa deles, não nossa.

Desconfiados deram uma super dura na mala. Tiraram tudo de dentro e a passaram vazia no raio X.

“Preocupaaaaaaaaaaaaaado”, comecei a encher a Ana de beijo para quebrar logo aquele clima tenso, caído e suspeito de polícia.

Depois tomamos uma outra super dura na hora do embarque.

O avião decolou e pouco depois passamos por cima de Cuba no dia que eles faziam uma grande operação militar. Torci para nenhum míssil passar perto da gente.

Duas horas e trinta minutos depois estávamos em solo americano e vimos o Tapa sair do avião pela janela do corredor.

-Ele está em pé!!!

-Que bom!!!

Eu tinha medo de acontecer alguma coisa com ele no vôo. Já aconteceram casos de cachorros que morreram por causa da descompressão no compartimento de carga.

E entrar nos EUA foi tranquilaço. A aduana mais sossegada até agora. Sem delongas, liberaram a gente muito rapidamente.

-Vou alugar um carro e você me espera aqui com o Tapa.

-Beleza – disse a Ana

Era o "Dia de Ação de Graças", o feriado mais importante dos EUA. Nesse dia as famílias americanas se reúnem e comem um peru (o bicho).

-Quanto fica 1 semana de aluguel?

-800 dólares.

-O quê? Que isso?

-Alta temporada.

-Me vê 2 dias então.

E com a jaula desmontada, Ana e Tapa apertados atrás, fomos em busca do nosso hotel.

Miami é uma cidade bonita, cortada por canais, com iates ancorados não só em marinas, mas também em calçadões públicos. 

Lembra a Barra da Tijuca, no Rio. Só que muito maior, mais limpa e mais moderna.

De cara, cruzamos com um ônibus anfíbio que leva os turistas para passeios pela cidade. Ele cruza as "high ways" e navega os canais com desenvoltura. É engraçado parar no sinal com uma hélice enorme a poucos metros da sua cabeça.

Ao contrário de Cartagena e “outros lugares que conheço”, não existe a pior praga das grandes cidades: os flanelinhas. Os parquímetros podem ser pagos com cartão de credito, e se não respeitar... leva multa na hora.

Passamos pela Ocean Drive, onde todo mundo quer aparecer mais que o vizinho. Cobra enrolada no pescoço, mini cadilacs, , triciclos, carros esporte,

muitos carros esporte...

e motos cheias de sacanagem são as ferramentas dessa disputa de egos descontrolada. O povo local é uma atração turística.

Passeamos por South Beach que é a área mais badalada da cidade.

Passamos na frente do ateliê de tatuagem do Miami Ink, que passa direto na TV. No programa parece que eles funcionam lá ainda, mas posso adiantar que o lugar está fechado.

Na sexta feira após o Dia de Ação de Graças é o “Black Friday”. Todo o comércio, durante este único dia do ano, baixa os preços absurdamente, e vende tudo que tem nas lojas a preços cerca de 50% mais barato.

Tem gente que acampa e dorme da fila. Quando abrem as lojas às 5 da manha, o pau quebra. É empurrão, joelhada, puxão de cabelo, nego pisoteado e que vença o melhor.

Fomos ver isso de perto, e chegando lá tinha um monte de gente saindo com geladeiras enormes na cabeça e TVs de 60 polegadas debaixo do suvaco.

Nesse dia a nave espacial Shuttle, aterrisava no Cabo Canaveral, um pouco mais ao norte.

Fomos a Miami Beach, confirmar que a praia é bem sem graça. Praia aqui não impressiona nenhum brasileiro. Porém, ela é limpa, muito limpa.

Tem um calçadão também, onde o pessoal anda de patins, bicicleta e leva os cachorros para dar um rolé. Não limpar a cáca do cachorro custa 122 dólares.

 

A Ocean Drive é um espetáculo a noite. Vários bares maneiros, um do lado do outro, com shows bem bacanas. Essa é a atração número 1 de Miami.

Fomos no Clevelander, um bar tradicional. O legal é que não é preciso pagar para entrar. É aberto e você bebe apenas se quiser.

Alugamos outro carro bem melhor, por um preço bem mais barato. O Tapa amou este carro e não quer sair de perto dele.

Acho que ele tem medo de ser esquecido em Miami.

Comidas e bebidas maneiras

E chegamos à terra do Tio Sam... famosa por suas lanchonetes junkie foods dos mais variados tipos. Mas, com o probleminha do Gustavo não podemos abusar, pois precisamos de saúde para completar nossa aventura pelo mundo. Então, estamos procurando comer por aqui da forma mais econômica e mais saudável possível, pois nosso carro-casa ainda não está em nossas mãos.

Uma coisa interessante e que serve como exemplo para hotéis e pousadas, como forma de redução de custo, é como é servido o café da manhã no hotel onde estamos hospedados e em outros também no país. A mesa do buffet é servida pela recepcionista que trabalha até às 6hs e depois administrado pelos funcionários que chegam na seqüência. Todos os pratos, copos, talheres são descartáveis, e jogados no lixo pelo próprio hóspede, salvo os sem educação que deixam seus “restos” na mesa para outra pessoa jogar onde deve ser jogado. É “all you can eat” literalmete e você pode voltar e comer até acabar o horário do café. Muito diferente de muitos hotéis que vimos por aí que tem diversos funcionários que trabalham apenas para servir o café da manhã.

Em nosso primeiro dia em Miami, almoçamos no Pizza Hut. Todos os dias, no horário de almoço, eles servem buffet com variados tipos de salada e pizza à vontade, por cerca de R$ 10,00/pessoa.

Um sanduba muito gostoso que experimentamos chama-se “gyro” e é bastante comum nas lanchonetes do país. Feito com carne assada e salada no pão árabe. Rápido e gostoso, e pode vir com molho se quiser.

O Mac Donalds oferece diversos sandubas a US$ 1,00, como Mac Chicken, Mac Doble e outros... rápidos e baratos.

Eu não pude deixar de tomar minha cervejinha pra comemorar nossa chegada aqui. Gustavo ficou apenas olhando e sentindo o aroma que saia da minha garrafa. Aroma? Sim, aroma. Tomei a Coors Light que tem gosto de tuti-fruti... e não gostei. Quem gosta de cerveja doce vai adorar.

Fui tentar outra, mais próxima aos sabores das nossas cervejinhas tradicionais e... me ferrei. Tomei uma Budweiser vermelha que por acaso estava com o mesmo sabor adocicado da Coors Light.

Finalizei com a tradicional Heineken, que já conheço bem e adoro, e não teve erro. Cerveja forte e encorpada... perfeita para tomar uma e ir para casa relaxar e dormir.

Nesse dia brindamos a diversos motivos (Gustavo brindou com água, claro!): aos nossos quase seis meses na estrada conhecendo lugares e pessoas incríveis, as estradas que nos ajudaram a chegar até aqui, as aduanas que não implicaram conosco e nos deixaram entrar com nosso “fedorento” e conhecermos as maravilhas de seus países, as parcerias bem sucedidas feitas ao longo de nosso trajeto... e brindamos a nossa amizade, companheirismo e amor que tem feito desta viagem uma aventura inesquecível!

Saúde a todos e sejam bem vindos a América do Norte!

 

Recados

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