Comidas e bebidas maneiras |
O Marrocos é muito mais que um país situado ao norte da África. É também o país dos berberes, dos tuaregues, do islamismo, do fanatismo, da hospitalidade, da bagunça, do tajine, do couscous, da páprica, do chá de menta, do calor, do deserto, dos dromedários... e não posso me esquecer... o Marrocos também é o país das moscas, hehehe. Nunca vi tanta mosca em tantos lugares ao mesmo tempo. Confesso que em muitos momentos eu e Gustavo sentíamos “uma raivinha forte” delas e a vontade era de sairmos correndo de onde estávamos, mas isso não adiantaria de nada, pois para onde nós fugíssemos... elas estariam lá também. Depois de uns quinze dias por lá, procuramos abstrair da nossa mente que elas estavam tão perto o dia todo, só dando trégua à noite. Chegamos ao Marrocos por Tanger, e estávamos mortos de fome. Alguns cuidados teríamos que ter no Marrocos... em relação ao que comer era um deles, e talvez o principal. A higiene com os alimentos definitivamente não é o forte dali, então cuidado dobrado quanto a isso. E antes de chegarmos ali, tinha lido num site que todas as pessoas que passam mais de uma semana por lá é certo de terem algum problema relacionado à comida, e assim foi conosco também. Em nossa última semana no país, compramos um peito de frango no supermercado, provavelmente estragado, e passei muito, muito mal. Uma noite inteira de mal estar e muita dor. Na manhã seguinte Gustavo teve que me levar correndo para um hospital, e depois de uma boa injeção e uma série de medicamentos, eu já comecei a me sentir bem melhor. Portanto, todo cuidado é pouco ao comer por lá. Além da atenção quanto às comidas, teríamos outro “grande” problema durante nossa viagem pelo país. No Marrocos as bebidas alcoólicas são proibidas e vendidas somente para turistas. Portanto, cerveja por lá é caríssima, e vendida somente em hotéis, restaurantes e supermercados permitidos pelo Rei. Assim, restringimos tomá-las somente em ocasiões especiais. Para se ter uma idéia, enquanto na Europa é possível comprar uma latinha no supermercado à 0,20 EUR, no Marrocos a mais barata que encontramos custou cerca de 1,40 EUR. Ah, o supermercado onde é possível encontrar as cervas chama-se Marjane, a maior rede de supermercados do país. Lá se encontra de tudo. Mas, voltando ao nosso primeiro dia no Marrocos, logo quando chegamos a Tanger avistamos o Mc Donalds em nosso GPS e para lá fomos correndo. Comemos o que? O Mc Arábia!!!
O melhor sanduiche já feito pelo Mc... pão árabe, molho árabe, kafka e alface, delicioso! Depois de Tanger partimos para Chefchaouen, nosso primeiro destino. Ficamos num camping no alto da cidade para fugirmos do insuportável calor e lá conhecemos o Sam, um inglês louco pela África, que indicou o restaurante do camping dizendo que a comida era muito gostosa e bem feita. E assim fizemos. Experimentamos dois dos principais pratos marroquinos, os deliciosos couscous...
... e tajine...
... ambos com carne. O couscous é considerado o alimento mais importante do país e em muitas casas existe até um ritual o qual várias mulheres da mesma família reúnem-se para fazê-lo em grandes quantidades. O couscous, uma espécie de grão, come-se cozido e acompanha diversos tipos de alimentos... carnes, aves, legumes ou até para acompanhar uma simples salada, fica delicioso. Comemos esse couscous no camping diversas vezes, pois, além de delicioso... era barato. O tajine, feito numa panela com mesmo nome, é outro saboroso prato marroquino. No camping comemos de carne, mas assim como o couscous, tem outros sabores, como frango e legumes. Os ingredientes são cozidos lentamente na panela e é servido bem quente. Não deixe de experimentar quando for ao Marrocos. A culinária marroquina é muito conhecida por seus diversos temperos e especiarias, que são muitos.
Em todos os lugares é possível achar vendinhas com diversos deles, e o aroma que fica no lugar e arredores é delicioso.
O açafrão talvez seja o mais famoso, mas também existem muitos outros utilizados por lá... páprica, anis, cominho, gengibre, pimenta, gergelim e outros. Dá para se perder no meio de tantos. Além de ser um prazer para o olfato, é um prazer para os olhos. Além de seus temperos e especiarias, o país também é famoso por suas ervas com fins medicinais. Não é difícil encontrar lojinhas que vendem ervas para todos os fins, como essa que fomos em Chefchaouen... e ... onde o dono insistiu para que comprássemos algo, pois daria sorte ao seu negócio. Mas... saímos de lá sem nada. Marroquinos comem muitas frutas...
... e não é difícil achá-las por lá.
E também comem muito pão. Segundo dados da OMS, o Marrocos tem a população que mais come pão em todo o mundo. Lá há pão, literalmente, em todos os lugares, e normalmente custa cerca de 0,25 EUR. O pão tradicional do país tem o formato de pão árabe...
... mas a massa é muito mais pesada, porém é um pão bem gostoso. Não tivemos problemas para comprar comida em nossa passagem por lá, mas era engraçado ver as embalagens dos alimentos escritas em árabe... como esse suco de laranja.
No caminho para a cidade de Fes fizemos uma “boquinha” numa barraca de beira de estrada, o lugar mais limpo e adequado que encontramos para comer.
Pedimos kafka e carne de carneiro na brasa. Ambos estavam ótimos! Aliás, a carne de carneiro é muito consumida em todo o país e uma das mais baratas também. Enquanto no Brasil paga-se uma fortuna para comer um pequeno pedaço, no Marrocos é possível comer fartos pedaços super baratos. Essa é outra boa pedida para quem for por lá. Alguns lugares servem a carne com couscous. Imperdível! Em Merzouga fizemos um inesquecível passeio de dromedário, o camelo árabe, pelo deserto. Depois de duas horas caminhando pelas dunas fomos recebidos em nosso acampamento com o delicioso chá de menta...
... considerado o uísque marroquino...
... e a bebida mais tomada em todo o país, depois da água. O único problema é que o chá é servido quente quando se está morrendo de calor hehehe. Depois do chá serviram uma salada marroquina, com um tipo de peixe que não sabemos qual era, milho, tomate e pimentão verde.
Foi uma noite inesquecível! Marrakech...
... foi uma das cidades que mais gostamos, porém o barato é ir à noite quando a praça principal da cidade fica movimentada com a feira que acontece por lá. Muita gente passeando, comidas, cheiros, enfim, imperdível.
Há diversos tipos de comidas, e é possível encontrar até cabeça e cérebro de cabrito para comer.
Neste dia, fomos passear por lá com os italianos que conhecemos em Fes, Roberto e Andrea, e antes de escolher qual barraca iríamos comer, resolvemos tomar um copo de suco de laranja para matar as possíveis bactérias que teriam na comida hehehe... ali há diversas barraquinhas vendendo suco de laranja.
E é irresistível por causa do calor. Paramos para comer em uma barraca com buffet de frutos do mar...
... com lula, camarão...
... peixe...
... e kafkas. Alimentos crus nem pensar. Uma dica para escolher onde comer é ver onde os locais comem... não tem erro. Onde tiver mais povo local, coma sem medo. Na feira, o grande barato, além das comidas e artesanatos, é “viajar” no povo local.
Ver como eles preparam as comidas, como eles se tratam, como se comportam, enfim, tentar “adentrar” um pouco no cotidiano deste povo tão diferente do nosso. Isso torna o passeio ainda mais inesquecível. Em nosso último dia em Marrakech, Roberto e Andrea prepararam um legítimo risoto italiano pra gente...
... delicioso. Valeu galera! Também fomos a Essaouira com Roberto e Andrea e por lá jantamos num restaurante do porto.
O grande lance no Marrocos é negociar... sempre! Nestes restaurantes você escolhe o que comer...
... quanto quer comer e pede para pesar. Depois disso começa a negociação para chegar a um preço viável. É fama do país os vendedores SEMPRE colocarem os preços das coisas muito acima do valor justo, portanto negocie! Depois de chegarmos a um preço justo para nós quatro... comemos um molho com as ovas do caranguejo...
... camarões...
... lulas, peixe...
... e...
... caranguejo. Confesso que não ficaram lá “essas coisas”, mas já estávamos ali. Pô, eles queimaram as lulas... sacanagem!!! Mas valeu pelo programa e o preço. O jantar para nós dois com direito a uma bebida para cada um custou cerca de 10 EUR. A azeitona também é muita consumida por lá e tem aos montes. De diversos tipos e cores. É difícil resistir.
Completei 30 anos em Agadir num churrascão que Gustavo preparou pra mim...
... com direito à carne de carneiro...
... e muita cerveja! Neste dia, à noite, os italianos doidos que conhecemos lá em Fes apareceram do nada e completaram a festa. Foi divertidíssimo! Estas são as cervejas marroquinas que bebemos: - Flag Pils: Boa cerveja e a melhor que bebemos por lá. Se tiver que escolher entre as três para tomar, fique com esta.
- Flag, Especiale: Putz, se esta é a edição especial da Flags, é melhor deixá-la pra lá. É muito ruim e aguada.
- Castel Beer: Cerveja boa, mas nada de especial.
- Casablanca Beer: Boa cerveja, pode beber sem medo.
Viver uma cultura tão diferente da nossa, como a do Marrocos, durante um mês, foi muito enriquecedor. Com certeza um dos destinos mais marcantes de nossa viagem! |